No começo dos anos sessenta, os
moradores de Afogados da Ingazeira, pequeno município do sertão pernambucano,
às margens do rio Pajeú, também estavam encantados com o recém eleito
presidente dos Estados Unidos.
John e sua mulher, Jackie, eram como
o príncipe encantado e sua princesa, tão jovens, belos e ricos, parecia
que tinham saído de um dos contos de fadas que todo mundo aprendeu a amar. Eram mesmo uma
belezura.
Seu Izildo e sua mulher Dedé,
pequenos criadores de cabras na área rural do município, eram os mais entusiasmados. Os americanos eram
quase da idade deles, bem mais bonitos e ricos, é claro, mas também tinham uma
filha pequena e parecia que cuidavam da criancinha muito bem. Dedé prestava atenção nisso, porque estava
grávida do seu primeiro filho.
Meses depois o menino nasceu, ganhou o nome de
Jôni e Izildo teve uma ideia:
- Vou convidar o presidente e a patroa dele para serem
padrinhos de nosso filho. Já pensou que honra eles desfilando em carro aberto pelas
ruas de Afogados?
Pensado e feito. Com a ajuda do escrivão
do cartório, escreveu uma carta bem carinhosa convidando John Kennedy e a primeira dama para batizarem Jôni na igreja matriz de Afogados da
Ingazeira, em data à escolha dos padrinhos.
Na semana seguinte Izildo foi até o
Consulado Americano, no Recife, e pediu para que a carta fosse entregue em mãos
ao presidente Kennedy. Teve de assinar um monte de papel... Uma burocracia danada...
E depois disso, tome esperar.
Passou-se uma semana, um mês, dois meses, três... e nada. Seis meses, e Dedé
começou a reclamar, não gostava de ter um filho pagão em casa. Se não queria
ser padrinho, custava nada mandar dizer... “Posso não, quero não”, e pronto...
E assim foi. Teve forró e tudo, era época de
São João, diz que os convidados eram tantos que a festa durou até o dia
amanhecer.
O batismo na igreja foi fotografado e
a foto foi devidamente encaminhada para a Casa Branca, como lembrança “do seu
afilhado Jôni".
***
Alguns meses depois, um dia chega seu Izildo todo afobado em casa e diz pra Dedé:
- Mulher, tu nem queira saber! O Cumpádi Jôni levou dois tiros e morreu!
Dedé até deixou cair o prato que lavava de tanto choque.
- Minha nossinhora!!! E agora, Izildo,
o que é que vai ser da Cumádi Jéqui???
**
PS – Essa história é contada como
verdadeira por várias pessoas da cidade. Infelizmente, todos os personagens da
historia já não estão mais aqui para confirmar...
4 comentários:
que beleza de história!
Eita, Bia, vindo de você é um puta elogio...
Valeu!
Que história maravilhosa <3
essa história é sensacional e eu já tinha ouvido... :)
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