quinta-feira, 9 de junho de 2016

"Você pode até ter pesadelos, mas não pare de sonhar"... (Pagu)




























Hoje é dia de celebrar o aniversário de 106 anos de Patrícia Galvão, a Pagu, uma das mulheres mais surpreendentes do Brasil.  Ela foi tantas coisas...Escritora, jornalista, diretora de teatro, desenhista, feminista, militante política, a primeira mulher presa política do país, viajou o mundo, conviveu com as figuras mais importantes das artes e da cultura de vários países e uma porção de coisas mais.
Sua entrega ao que acreditava foi uma grande inspiração na minha adolescência e juventude... Tenho a maior admiração por ela.
A história de Pagu  foi contada em filme, em fotografias, peça de teatro m livros, e em muitos textos maravilhosos, muito melhores que esse meu, que podem ser encontrados facilmente na internet. 

























Me interessei muito por um lado da Pagu que não é muito conhecido: a de desenhista de quadrinhos.
Em 1931, Pagu e Oswald de Andrade, seu companheiro, lançaram em São Paulo o jornal ‘O Homem do Povo’, através do qual faziam críticas severas, bem-humoradas e acima de tudo polêmicas, à sociedade paulista da época.
Pagu dirigiu a publicação, ilustrou, assinou a coluna ‘A Mulher do Povo’ e fez tiras para cada uma das edições. A coluna era feminista, onde ela criticava as mulheres ‘pequeno-burguesas’ e reclamava por novas posturas, sexualmente libertárias, direcionadas a uma reflexão sobre a mulher em seu sentido mais global.

As tiras eram bem polêmicas. Sob o titulo  de  ‘Malakabeça, Fanika e Kabelluda’, contavam a história de um casal rico que não teve filhos e por isso adotou a sobrinha pobre, a Kabelluda.
A garota é moderna e protagoniza cenas de subversão e contestação dos valores morais da sociedade do início do século XX, me lembra muitos personagens reais do nosso século XXI.
O desenho não é proporcional e nem detalhista, e todos vem acompanhado de legendas, características dos quadrinhos antigos.
Alguns críticos acham que Pagu copiou o estilo de Tarsila ao desenhar, e realmente lembra um pouco. Mas Tarsila era amiga dela, e também foi casada com Oswald de Andrade, por isso não é de se estranhar a pequena semelhança. Mas cada tira trás consigo a personalidade de Pagu.
São oito tiras, uma pra cada edição do jornal, que foram resgatadas anos depois, por um colecionador.



















Depois de causar muita polêmica em oito edições na aristocrática cidade de São Paulo, o jornal daquele casal de intelectuais comunistas foi proibido pela policia de Vargas e destruído pelos estudantes caretas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. 
Viva Pagu!

5 comentários:

Monix disse...

Adorei essa história! Não sabia que Pagu também criava quadrinhos. Beijos :***

Monix disse...

Adorei essa história! Não sabia que Pagu também criava quadrinhos. Beijos :***

Luciana Nepomuceno disse...

"Adorei essa história! Não sabia que Pagu também criava quadrinhos".(2)

e adoro o estilo Barradas no Baile, onde todo mundo pega todo mundo :P

Cláudio Luiz disse...

"Adorei essa história! Não sabia que Pagu também criava quadrinhos".(3)
Conheço pouco da Pagu, tirando o inusitado da cobra e sua casa na ilha... (coisas que vi no filme), não muito mais mais. E no mais, Rita Lee.
"Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda...
Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hanhan! Ah! Hanran!
Fama de porra louca, tudo bem!"

BethS disse...

Gosto demais dessas tiras...
Kabelluda fala as gírias da época - 'achou o professor muito pau"... hahahaa
ressuscita dos mortos duas vezes!!
e os nomes? demais...
Pagu era realmente uma figura imprescindível, queria muito tê-la conhecido...
<3