"eu considerei a glória de um
pavão ostentando o esplendor de suas cores: é um luxo imperial. mas andei lendo
livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. não há
pigmentos. o que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta,
como em um prisma. o pavão é um arco-íris de plumas.
eu considerei que este é o luxo do
grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. de água
e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
considerei, por fim, que assim é o
amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira
em mim, existem apenas meus olhos, recebendo a luz de teu olhar. ele me cobre
de glórias e me faz magnífico".