domingo, 19 de junho de 2016

Chico Buarque, um artista brasileiro





















Francisco Buarque de Holanda – 72 anos hoje, é uma das principais figuras dessa geração de grandes artistas brasileiros, que chegaram agora nos 70. Um dos maiores cronistas da vida nacional, principalmente aquela miudinha e invisível, que ele retrata com riqueza poética, lirismo, sutileza e rigor.
Ultimamente tem sofrido alguns achaques pelas suas posições políticas, mas no geral é amado pela população, que o considera quase como um amigo ou irmão mais velho.
Eu amo demais...


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Tenho umas histórias envolvendo o Chico, que vou contar por aqui.

-- Minha primeira visão dele foi mais ou menos em 69, em Olinda, na casa de sua irmã Maria do Carmo, apelido Pii, nossa amiga, que também morava no sitio histórico da cidade. Pii tinha uma gata que deu cria, e fui lá, conforme combinado, pra pegar dois filhotinhos. E ele estava na sala, sentado numa cadeira de balanço. “Esse é meu irmão Chico”. “Oi, tudo bem?” e conversamos besteira um pouquinho, depois peguei meus gatinhos, me despedi e vim pra casa. Só algum tempo depois, a besta aqui juntou os pontos e descobriu que o irmão dela era o autor de “A Banda”... uau!
-- Depois, em 73, quando me mudei pra São Paulo. Um amigo jornalista pra quem eu já tinha feito uns frilas, me pegou no aeroporto e disse que a gente ia no aniversário do pai de um amigo, que ia ser bem animado e que eu ia gostar. E fomos pra uma linda casa no Pacaembu. O amigo do meu amigo era Álvaro, irmão do Chico. O aniversariante era Sergio Buarque de Holanda... A casa estava cheia, gente de diferentes faixas etárias e na mesa um sensacional cozido completo. Todo mundo comendo e bebendo, musica, risos. Fui apresentada como amiga da Pii e muito bem recebida. A cabeça dava tantas voltas, nem consigo dizer quem estava na festa. Lembro bem do Sergio com Bebel, bem pequena, representando uma pequena peça, onde inverteram os papéis: ela era a avó e ele o netinho. Incrível. Tenho a impressão que o Chico não estava...
-- Anos depois fiz dois shows com ele. O primeiro, mais ou menos em 82, pro Natal Sem Fome, do Betinho e Dom Helder, show na praia de Boa Viagem, um palco enorme, mais de 20 artistas se apresentando. A entrada era um quilo de alimentos não perecíveis. Uma loucura para a produção, tudo com horário de entrada e saída do palco cronometrado... Ele fechava a noite, claro, e podia cantar quantas músicas quisesse. E foi super profissional. Era um show sem cachê pra ninguém, artistas, técnicos, produção. Todo mundo dando o seu melhor pelo projeto. Foi lindo demais.
-- O outro show foi no palco externo do Circo Voador, casa abarrotada, sold out dois dias antes. Esse eu não lembro muito porque tinha acabado de parir meu filho mais novo, e à noite não pude ir até lá. Apareci na passagem de som, e voltei correndo pra amamentar... Mas fiz toda a divulgação, pra jornal, rádio e TV. Escrevi cada um dos textos.
E foi só...

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Mas como fiz com Bethania ontem, seguem algumas coisinhas sobre Chico, pinçadas da internet.

ELE
-- Sua primeira composição foi escrita quando ele tinha 15 anos. O nome era Canção dos Olhos. Mas a primeira gravação foi uma marchinha, em 1964, de nome Marcha Para Um Dia de Sol, interpretada por Maricene Costa.
-- Chico fez até o segundo ano de Arquitetura, na FAU da USP. Saiu porque a música falou mais alto. Segundo ele “larguei a Arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim”.
-- Ele não é recluso ou tímido, como se costuma pensar. Pessoas próximas dizem que ele é falante e engraçado. Só que faz questão de manter a sua privacidade.

A SUA CASA
-- Depois que deixou de dividir com Marieta Severo a casa na Gávea, Chico mora num ap numa rua sem saída no Leblon, na cobertura de um prédio, de onde se vê toda a praia do Leblon, Ipanema e até o Arpoador. Tão alto e isolado, o ap parece flutuar no mar.
-- Ele diz que gosta desse apartamento porque é indevassável. O máximo que se consegue ver dele é alguma luz acesa. Isso porque ele tem obsessão por privacidade.
-- O apartamento é duplex. No andar de cima tem uma sala, cozinha, varanda, sala de tv, quarto de hóspedes, escritório, o quarto dele com banheiro. No de baixo, outro escritório, uma sala de tv pra ver filmes com os netos, banheiro e outro quarto de hospedes.
-- Não há ligação interna entre os dois apartamentos. Todo dia ele sai de casa pra ir trabalhar, entra por uma porta independente, desce um andar e se tranca. No escritório de cima, ele é músico. No de baixo, é escritor.

SUAS MANIAS
-- Chico adiou muito o momento de usar o computador. Preferia receber tudo por fax. Mas agora usa programas de texto pra escrever suas coisas, tem email (quase secreto), mas quase não entra na internet. Fora isso, quase nem toca no computador.
- Gosta de ler jornais de papel. Lê pelo menos três por dia, da sessão de economia ao necrológico, passando também pelo horóscopo e os classificados. Também lê de vez em quando revistas da França e dos Estados Unidos.
-- Quando está escrevendo, Chico se isola e lê compulsivamente. Literatura brasileira contemporânea e literatura estrangeira, os franceses no original.
-- Escuta pouca musica em casa, mas quando está compondo, gosta de ouvir os clássicos do samba, muito Tom Jobim, além dos clássicos vintage norte-americanos. E os cubanos. É muito atencioso com quem lhe envia ‘demos’. Pode até não gostar, mas ouve todos.
-- Em casa vê pouca televisão, apenas futebol e alguns filmes tarde da noite, quando tem insônia.
-- Caminha três vezes por semana, por volta de uma da tarde, um trajeto de 6km. Anda rápido com físico de atleta. As vezes tem a companhia de um amigo, mas quase sempre vai só.

OS AMIGOS
-- Além da ex Marieta, das três filhas e da irmã Miucha, seus amigos íntimos são os músicos Edu Lobo e Carlinhos Vergueiro, os cineastas Ruy Solberg e Miguel Faria e o escritor Eric Nepomuceno.
-- Com os amigos janta religiosamente uma vez por semana, pedindo sempre os mesmos pratos: espaguete com camarões e pimenta ou molho pesto. Quando está na fase light pede peixe grelhado. Não bebe mais destilado algum. Só vinho e suco de laranja. E depois do jantar, uma grapa.
-- Com os amigos também joga futebol todos os sábados, no campo que recebeu como pagamento de contrato de uma gravadora, no Recreio dos Bandeirantes. Seu time de futebol se chama Politheama. Torce ardentemente pelo Fluminense, mas não vai mais ao estádio, prefere ver os jogos na tv.

O ANIVERSÁRIO
-- Como todos os anos, é possível que se esconda nessa data, para fugir de comemorações e homenagens. O local preferido é um apartamento que tem em Paris, no ultimo andar de um prédio no Marais. Seu fechado círculo de pessoas íntimas sabem onde ele está, mas como ele, ficam em silêncio.

ENVELHECER
-- “É preciso assumir o seu tempo, assumir a idade que você tem e não ficar se desesperando por causa disso... Hoje sou um senhor, um senhor de respeito... Mas desde garotinho eu sempre desconfiei que ia ficar velho... E é a melhor coisa!"...

Beijo enorme pra ele, sou fã de carteirinha...

                                                                                                                                                    

8 comentários:

moniquinha disse...

Mas desde garotinho eu sempre desconfie que ia ficar velho
Adorei
Bjs

moniquinha disse...

Mas desde garotinho eu sempre desconfie que ia ficar velho
Adorei
Bjs

Luciana Nepomuceno disse...

não tenho condições emocionais de comentar este post. apenas observo minha cor verde se alastrando.

Cláudio Luiz disse...

maravilhoso como o chico

Unknown disse...

lindo ,leve e afetivo texto sobre Chico e a Bethania...vou ficar fã do seu blog..parabéns!!!!!bj

Renata Lins disse...

Lindo post....
cara.... em Olinda, novinho... gente.
Lembro da casa da Pii lá, do povo dizendo.
Agora, sobre o apê do Leblon: ele morou um tempão no Jardim Botânico depois q se separou de Marieta. Acho que na Lopes Quintas... eu esbarrei com ele uma vez, assim de cara: na virada da rua, eu entrando, ele saindo.
Não consegui dizer nada, claro.

Paula disse...

que lindeza, Beth. Amo o Chico também. ❤ (quem não ama?)

BethS disse...

Renata, já pensou a anta que eu fui?
eu estava na casa da Pii, ele estava lá, a gente podia ter levado o maior papo...
eu era muito desligada mesmo...
na verdade, com tudo isso que vc leu aí, na verdade eu nunca tive oportunidade de conversar com o chico.
apesar das oportunidades...

infelizmente...