Francisco Buarque de Holanda – 72 anos hoje, é uma das principais figuras dessa geração de grandes artistas brasileiros, que chegaram agora nos 70. Um dos maiores cronistas da vida nacional, principalmente aquela miudinha e invisível, que ele retrata com riqueza poética, lirismo, sutileza e rigor.
Ultimamente tem sofrido alguns achaques pelas suas posições políticas, mas no geral é amado pela população, que o considera quase como um amigo ou irmão mais velho.
Eu amo demais...
Eu amo demais...
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Tenho umas histórias
envolvendo o Chico, que vou contar por aqui.
-- Minha primeira visão
dele foi mais ou menos em 69, em Olinda, na casa de sua irmã Maria do Carmo,
apelido Pii, nossa amiga, que também morava no sitio histórico da cidade. Pii
tinha uma gata que deu cria, e fui lá, conforme combinado, pra pegar dois
filhotinhos. E ele estava na sala, sentado numa cadeira de balanço. “Esse é meu
irmão Chico”. “Oi, tudo bem?” e conversamos besteira um pouquinho, depois peguei
meus gatinhos, me despedi e vim pra casa. Só algum tempo depois, a besta aqui
juntou os pontos e descobriu que o irmão dela era o autor de “A Banda”... uau!
-- Depois, em 73, quando me
mudei pra São Paulo. Um amigo jornalista pra quem eu já tinha feito uns frilas,
me pegou no aeroporto e disse que a gente ia no aniversário do pai de um amigo,
que ia ser bem animado e que eu ia gostar. E fomos pra uma linda casa no
Pacaembu. O amigo do meu amigo era Álvaro, irmão do Chico. O aniversariante era
Sergio Buarque de Holanda... A casa estava cheia, gente de diferentes faixas
etárias e na mesa um sensacional cozido completo. Todo mundo comendo e bebendo,
musica, risos. Fui apresentada como amiga da Pii e muito bem recebida. A cabeça
dava tantas voltas, nem consigo dizer quem estava na festa. Lembro bem do
Sergio com Bebel, bem pequena, representando uma pequena peça, onde inverteram
os papéis: ela era a avó e ele o netinho. Incrível. Tenho a impressão que o
Chico não estava...
-- Anos depois fiz dois
shows com ele. O primeiro, mais ou menos em 82, pro Natal Sem Fome, do Betinho
e Dom Helder, show na praia de Boa Viagem, um palco enorme, mais de 20 artistas
se apresentando. A entrada era um quilo de alimentos não perecíveis. Uma
loucura para a produção, tudo com horário de entrada e saída do palco cronometrado...
Ele fechava a noite, claro, e podia cantar quantas músicas quisesse. E foi
super profissional. Era um show sem cachê pra ninguém, artistas, técnicos,
produção. Todo mundo dando o seu melhor pelo projeto. Foi lindo demais.
-- O outro show foi no palco
externo do Circo Voador, casa abarrotada, sold out dois dias antes. Esse eu não
lembro muito porque tinha acabado de parir meu filho mais novo, e à noite não
pude ir até lá. Apareci na passagem de som, e voltei correndo pra amamentar... Mas
fiz toda a divulgação, pra jornal, rádio e TV. Escrevi cada um dos textos.
E foi só...
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Mas como fiz com Bethania
ontem, seguem algumas coisinhas sobre Chico, pinçadas da internet.
ELE
-- Sua primeira composição
foi escrita quando ele tinha 15 anos. O nome era Canção dos Olhos. Mas a
primeira gravação foi uma marchinha, em 1964, de nome Marcha Para Um Dia de
Sol, interpretada por Maricene Costa.
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Chico fez até o segundo ano de Arquitetura, na FAU da USP. Saiu porque a música
falou mais alto. Segundo ele “larguei a Arquitetura e virei aprendiz de Tom
Jobim”.
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Ele não é recluso ou tímido, como se costuma pensar. Pessoas próximas dizem que
ele é falante e engraçado. Só que faz questão de manter a sua privacidade.
A
SUA CASA
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Depois que deixou de dividir com Marieta Severo a casa na Gávea, Chico mora num
ap numa rua sem saída no Leblon, na cobertura de um prédio, de onde se vê toda
a praia do Leblon, Ipanema e até o Arpoador. Tão alto e isolado, o ap parece
flutuar no mar.
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Ele diz que gosta desse apartamento porque é indevassável. O máximo que se
consegue ver dele é alguma luz acesa. Isso porque ele tem obsessão por
privacidade.
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O apartamento é duplex. No andar de cima tem uma sala, cozinha, varanda, sala
de tv, quarto de hóspedes, escritório, o quarto dele com banheiro. No de baixo,
outro escritório, uma sala de tv pra ver filmes com os netos, banheiro e outro
quarto de hospedes.
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Não há ligação interna entre os dois apartamentos. Todo dia ele sai de casa pra
ir trabalhar, entra por uma porta independente, desce um andar e se tranca. No escritório
de cima, ele é músico. No de baixo, é escritor.
SUAS
MANIAS
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Chico adiou muito o momento de usar o computador. Preferia receber tudo por
fax. Mas agora usa programas de texto pra escrever suas coisas, tem email (quase
secreto), mas quase não entra na internet. Fora isso, quase nem toca no
computador.
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Gosta de ler jornais de papel. Lê pelo menos três por dia, da sessão de
economia ao necrológico, passando também pelo horóscopo e os classificados. Também
lê de vez em quando revistas da França e dos Estados Unidos.
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Quando está escrevendo, Chico se isola e lê compulsivamente. Literatura
brasileira contemporânea e literatura estrangeira, os franceses no original.
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Escuta pouca musica em casa, mas quando está compondo, gosta de ouvir os
clássicos do samba, muito Tom Jobim, além dos clássicos vintage norte-americanos.
E os cubanos. É muito atencioso com quem lhe envia ‘demos’. Pode até não
gostar, mas ouve todos.
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Em casa vê pouca televisão, apenas futebol e alguns filmes tarde da noite,
quando tem insônia.
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Caminha três vezes por semana, por volta de uma da tarde, um trajeto de 6km.
Anda rápido com físico de atleta. As vezes tem a companhia de um amigo, mas
quase sempre vai só.
OS
AMIGOS
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Além da ex Marieta, das três filhas e da irmã Miucha, seus amigos íntimos são os
músicos Edu Lobo e Carlinhos Vergueiro, os cineastas Ruy Solberg e Miguel Faria
e o escritor Eric Nepomuceno.
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Com os amigos janta religiosamente uma vez por semana, pedindo sempre os mesmos
pratos: espaguete com camarões e pimenta ou molho pesto. Quando está na fase
light pede peixe grelhado. Não bebe mais destilado algum. Só vinho e suco de
laranja. E depois do jantar, uma grapa.
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Com os amigos também joga futebol todos os sábados, no campo que recebeu como
pagamento de contrato de uma gravadora, no Recreio dos Bandeirantes. Seu time
de futebol se chama Politheama. Torce ardentemente pelo Fluminense, mas não vai
mais ao estádio, prefere ver os jogos na tv.
O
ANIVERSÁRIO
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Como todos os anos, é possível que se esconda nessa data, para fugir de
comemorações e homenagens. O local preferido é um apartamento que tem em Paris,
no ultimo andar de um prédio no Marais. Seu fechado círculo de pessoas íntimas
sabem onde ele está, mas como ele, ficam em silêncio.
ENVELHECER
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“É preciso assumir o seu tempo, assumir a idade que você tem e não ficar se
desesperando por causa disso... Hoje sou um senhor, um senhor de respeito... Mas
desde garotinho eu sempre desconfiei que ia ficar velho... E é a melhor
coisa!"...
Beijo enorme pra ele, sou fã de carteirinha...
8 comentários:
Mas desde garotinho eu sempre desconfie que ia ficar velho
Adorei
Bjs
Mas desde garotinho eu sempre desconfie que ia ficar velho
Adorei
Bjs
não tenho condições emocionais de comentar este post. apenas observo minha cor verde se alastrando.
maravilhoso como o chico
lindo ,leve e afetivo texto sobre Chico e a Bethania...vou ficar fã do seu blog..parabéns!!!!!bj
Lindo post....
cara.... em Olinda, novinho... gente.
Lembro da casa da Pii lá, do povo dizendo.
Agora, sobre o apê do Leblon: ele morou um tempão no Jardim Botânico depois q se separou de Marieta. Acho que na Lopes Quintas... eu esbarrei com ele uma vez, assim de cara: na virada da rua, eu entrando, ele saindo.
Não consegui dizer nada, claro.
que lindeza, Beth. Amo o Chico também. ❤ (quem não ama?)
Renata, já pensou a anta que eu fui?
eu estava na casa da Pii, ele estava lá, a gente podia ter levado o maior papo...
eu era muito desligada mesmo...
na verdade, com tudo isso que vc leu aí, na verdade eu nunca tive oportunidade de conversar com o chico.
apesar das oportunidades...
infelizmente...
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