Hoje é dia de comemorar o orixá Ibeji, o Orixá-Criança, na verdade duas divindades gêmeas infantis, ligadas a todos os orixás e seres humanos, sincretizados nos santos gêmeos católicos Cosme e Damião.
Por serem gêmeos, são associados ao princípio da
dualidade. Por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce: a
nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas,
etc.
Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo,
é o Orixá Erê, ou seja, o Orixá criança. É a divindade da brincadeira, da
alegria, a sua regência está ligada à infância.
Ibeji está presente em todos os rituais do
Candomblé pois, assim como Exú, se não for bem cuidado pode atrapalhar os
trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos
membros de uma Casa de Santo. É o Orixá que rege a alegria, a inocência, a
ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebé até à
adolescência, independentemente do Orixá que a criança carrega.
Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro. Uma
criança pode nos mostrar o seu sorriso, a sua alegria, a sua felicidade, o seu
falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, está na beleza do canto dos
pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores.
Ibeji é a criança que temos
dentro de nós, assim como as recordações da infância. Feche os olhos e
lembre-se de um momento feliz, de uma travessura, e você estará revivendo uma
lenda deste Orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância,
foi regido, gerado e administrado por Ibeji.
Contam os Itãs (conjunto de lendas e histórias passados de geração a geração pelos povos africanos) que os Ibejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Por isso os Ibejis são saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados à deusa, também recebem oferendas.
Na mitologia iorubá, os dois erês gêmeos tiveram um irmão mais novo, de nome Doum, que serve como balizador do equilíbrio e da justiça com igualdade nos seus cultos. Alguns casas de oração mostram imagens com três crianças, e que são muito lindas.
No sincretismo da religião católica, os Ibejis viraram os santos Cosme e Damião, também gêmeos, que viveram na Asia Menor, na época do imperador Diocleciano. Os dois eram médicos, e viveram a sua vida devotados a cuidar da saude de crianças e dos animais. Diz-se que eles não cobravam por seus atendimentos. Em algumas regiões também são chamados de Crispim e Crispiniano. Pouco se sabe sobre a sua morte, apenas que aconteceu em 300 depois de Cristo.
As comemorações desse orixá incluem distribuição de balas, chocolates e outros doces entre as crianças, que vão de casa em casa com uma sacolinha perguntando pelos presentes de Cosme e Damião.
A lenda e a história de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma criança. Ao menos para manter vivo este importante Orixá, procure dar felicidade a uma criança. Faça você mesmo o encantamento de Ibeji. É fácil: faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivo. Transmita esta felicidade, contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji, feliz!
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